Crônica sobre comunicação-Maria Clara Rezende Landim-7°C

"Bom dia, é da recepção? Eu gostaria de falar com alguém que me desse informações sobre um paciente". A telefonista foi breve: "Qual é o nome do enfermo?". "Chama-se Celso e está no quarto 302". Ato contínuo, a funcionária explica: "Aguarde um pouco que vou transferir a ligação para o setor de enfermagem". E a funcionária do setor atende a ligação: "Bom dia, sou a enfermeira Lourdes. O que deseja?". "Gostaria de saber as condições clínicas do paciente Celso, do quarto 302, por favor!". A resposta foi pragmática: "Um minuto, vou localizar o médico de plantão". O rapaz ficou cerca de 5 minutos na linha ouvindo aquela musiquinha chata, até que um homem com voz grave diz: "Aqui é o Dr. Carlos, sou plantonista neste setor do Hospital. Em que posso ajudar?". "Olá, doutor. Precisaria que alguém me informasse sobre a saúde do Celso, que está internado há três semanas no quarto 302; ainda não tive notícias do estado de saúde dele". E o médico explicou: "Ok meu senhor, vou consultar o prontuário do paciente... Um instante só! Hummm! Aqui está: ele se alimentou bem hoje, a pressão arterial e pulso estão estáveis, responde bem à medicação prescrita e vai ser retirado do monitor cardíaco até amanhã. Continuando bem, o médico responsável assinará alta em três dias".  "Ahhhh, graças a Deus! São notícias maravilhosas! Que alegria!". E o médico retruca: "Pelo seu entusiasmo, deve ser alguém muito próximo, certamente da família?". A resposta foi curiosa e nos faz refletir: "Não, sou o próprio Celso, telefonando aqui do 302! É que todo mundo entra e sai com tanta pressa do meu quarto e ninguém me diz o que está acontecendo comigo. Eu só queria saber como estou, poxa".

AUTOR DA Crônica-Dr. Jorge Lordello